sexta-feira, 30 de abril de 2010

Chico Xavier: a vida é a obra

Francisco Cândido Xavier é um dos maiores, senão o maior, fenômeno mediúnico já constatado no Brasil. Tal fato pode ser demonstrado tanto pela sua popularidade, pela grande quantidade de depoimentos dos que o estudaram ou pelas obras que surgiram a partir do seu dom.
Nascido em 2 de abril de 1910, sob o signo de Aries, Chico Xavier teve uma infância dura, quase miserável, cheia de dificuldades e trabalho. Para piorar a situação, com apenas cinco anos perdeu a mãe. Vendo-se sozinho e sem meios para cuidar dos nove filhos, seu pai resolveu distribuí-los entre amigos e parentes. Chico foi, então, morar com dona Rita, sua madrinha, pessoa bastante geniosa e que chegava a ser cruel com aqueles que lhe desagradavam. As vezes, o menino levava até três surras por dia. Desabituado a esse tipo de tratamento e com saudades da mãe (que não sabia estar morta), sempre que a madrinha saía, ele corria ao fundo do quintal para chorar suas mágoas. Ali, passou pela primeira experiência mediúnica : ao ouvir um barulho vindo das bananeiras, olhou naquela direção e viu a mãe. A visão foi tão nítida que pensou que ela viera buscá-lo. Sem dizer que estava morta, a mãe pediu-lhe apenas para ter paciência. Afinal tudo aquilo era para seu bem. Eufórico, Chico foi contar à madrinha o que havia acontecido. Esta, certa de que ele mentia, aplicou o tratamento adequado para tais casos - uma boa surra. Além disso, pediu ao padre que a ajudasse a corrigir o mentiroso com conselhos e penitências. Chico, então, foi obrigado a rezar mil Ave-Marias e, nas procissões, carregar sobre a cabeça uma pedra de 15kg. Dona Rita, para tornar mais eficiente o tratamento, espetava sua barriga com garfos. As feridas tomaram-se tão dolorosas que ele tinha de vestir mandriões, espécie de roupão curto para uso doméstico.
De uma outra vez, Chico se viu obrigado a lamber a ferida do filho adotivo da madrinha. O menino havia machucado a perna, o local infeccionou e começou a purgar. Consultada, a curandeira local sugeriu um remédio: fazer uma criança em jejum lamber a chaga por três sextas-feiras consecutivas. Evidentemente, o médium ficou incumbido da tarefa.
Apavorado, ele foi ao fundo do quintal para pedir ajuda à mãe. Quando soube o que estava acontecendo, ela aconselhou-o, apenas, a obedecer dona Rita e "lamber com paciência". Provavelmente, nada podia fazer. Mas, de qualqtler forma, prometeu ajudá-lo. Assim, na sexta-feira, ao ser chamado para fazer o tratamento, Chico fechou os olhos e foi em frente. Viu, então, sua mãe jogando um pozinho sobre a ferida. Depois desses três repugnantes curativos, a ferida enfim sarou. Chico, por sua vez, implorou à mãe que não deixasse mais ninguém precisar das suas lambidas.
Felizmente, ele ficou com a madrinha somente por dois anos. Seu pai casou-se novamente e a madrasta, uma mulher de boa índole, recolheu os filhos do primeiro casamento e acabou de criá-los, juntamente com os seis que teve depois.
Nos dificeis anos de escola, Chico não deixou de ter ajuda espiritual. Segundo ele, no primeiro centenário da Independência do Brasil, as crianças do curso primário tinham de apresentar um trabalho sobre o tema. Quando ia começar a composição, Chico viu ao seu lado um homem que lhe ditava o que deveria escrever. Com medo, procurou a professora e contou o que estava acontecendo. Sensatamente, ela mandou que o menino voltasse à carteira e escrevesse o que ouvira. "Não acredite que esteja ouvindo estranhos", disse ela. "Está ouvindo a você mesmo. Cuide de sua obrigação e não fale mais nisso." Ele obedeceu e ganhou o prêmio - uma menção honrosa.
É claro que nem todo mundo tinha a compreensão da professora. Como ainda costuma ocorrer hoje em dia - e isso era ainda mais comum no interior católico e preconceituoso das primeiras décadas deste século -, Xavier sofreu todo tipo de agressão e preconceitos nas mãos da família, padres e vizinhos que viam nas suas manifestações mediúnicas apenas uma "coisa do diabo". Apesar do preconceito, não desistiu: para melhor entender o que estava acontecendo com ele mesmo, passou a estudar os livros de Allan Kardec e o espiritismo. Assim, sua mediunidade foi aos poucos passando por um processo de depuração.
Com apenas o primário completo, vivendo numa região humilde como a de Pedro Leopoldo, interior mineiro, Chico Xavier publicou, em 1932, o seu primeiro livro, Parnaso Além-Túmulo, com 56 poemas de 14 diferentes autores, todos mortos.
Esse foi o início das discussões em tomo de Chico Xavier, algumas delas próximas da censura e do puro preconceito. Parnaso trazia poemas de nomes como Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu, Guerra ]unqueiro e Castro Alves. Os que então acreditavam ser os donos da tradução literária brasileira, evidentemente, não aceitaram a pretensão daquele jovem desconhecido de 22 anos, um humilde interiorano, em afirmar que recebia os textos daqueles autores.

O processo

Chico começa a chamar ainda mais a atenção tanto do mundo espiritual do País quanto dos, digamos assim, leigos, quando publica, em 1937, o seu quarto livro: Crônicas de Além-Túmulo, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, romancista e ensaísta morto apenas três anos antes.
Como seria de esperar, a polêmica em tomo dos trabalhos de Chico Xavier redobrou. Dessa vez, a família do escritor levou Chico Xavier à Justiça. Segundo a visão da viúva de Campos, Chico, era um charlatão e usava indevidamente o nome do autor - que, é claro, era ainda um nome querido dos leitores brasileiros.
A família Campos, assim, exigia o pagamento dos direitos autorais relativos ao livro atribuído por Chico Xavier a Humberto de Campos (em, uma edição que, exatamente a partir do processo, passou a ter mais atenção por parte do público) e pedia a críticos e especialistas em literatura que estudassem os textos incluídos na obra, para confirmar ou não o seu valor literário.
Para a família Campos não havia dúvida : Crônicas de Além-Túmulo era uma obra "a mais lastimável possível. Não só ( ...) eivada de imperdoáveis vícios delinguagem e profundo mau gosto literário, como ( ...) paupérrima de imaginação e desprovida de qualquer originalidade".
Não era essa, no entanto, a visão da própria mãe do escritor psicografado. Na época ela declarou: "O estilo é o mesmo do meu filho. Não tenho dúvidas em afirmar isso e não conheço nenhuma explicação científica para esclarecer o mistério, principalmente se considerarmos que Francisco Xavier é um cidadão de conhecimentos medíocres. ( ...) Só um homem muito inteligente, muito culto, e de fino talento literário, poderia ter escrito essa produção, tão identificada com a de meu filho."
Somente vários anos depois, em 1944, foi dado o veredito da justiça: saindo pela tangente, foi decidido que "o grande escritor Humberto de Campos, depois de sua morte, não poderia ter adquirido direito de espécie alguma e, consequentemente, nenhum direito autoral" poderia ser passado dele "para seus herdeiros e sucessores". Com essa decisão, Chico Xavier continuou livre para prosseguir em seu trabalho de psicografia - ainda que não mais usasse o nome de Humberto de Campos substituído por Irmão X. No entanto não foi mais possível discutir, a nível jurídico, uma posição oficial sobre o espiritismo e as obras psicografadas. Ainda assim, todo o processo contra Chico serviu para levar o debate sobre os trabalhos espíritas até os jornais e ao leitor leigo.

Embusteiro

Hoje, depois de toda a polêmica, o espiritismo é um tema bem menos tabu. Prova disso são as revistas, jornais, seminários, debates e encontros entre especialistas e o público interessado.
Prova disso é o estudo da 'parapsicolpgia a nível universitário (uma prática que apenas se inicia no País) e até mesmo programas de televisão dedicados à mediunidade.
Desde que o médium de pedro Leopoldo publicou seus primeiros livros, no início dos anos 30, muita coisa mudou. De lá para cá, psicografou cerca de 300 obras de mais de mil autores ou espíritos comunicantes, sendo provavelmente o maior best-seller do País e da América Latina, com cerca de 13 milhões de obras vendidas, muitas delas traduzidas e lançadas no Exterior.
Ainda assim, nos meios não-espíritas, Chico Xavier é visto apenas como uma curiosidade. Isso quando não continua sendo visto como o foi no processo dos anos 30: um charlatão. São preconceitos de todo o gênero que cercam o seu trabalho: religiosos, culturais, sexuais, intelectuais.
Dessa maneira, evita-se discutir uma possibilidade levantada pelo cético, iconoclasta e irônico Monteiro Lobato, ao conhecer seus livros: "Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele pode ocupar quantas cadeiras quiser na Academia."
Contra as obras de Xavier foram levantadas uma série de dúvidas, todas basicamente ligadas ao fato de que ele não seria nada mais do que um razoável plagiador. Com tal argumento, no entanto, seus críticos acabam fazendo um grande elogio intelectual a sua obra, já que eles mesmos confirmam existirem traços de cada um dos autores psicografados pelo médium em seus livros.
Como escreveu Raimundo Magalhães J r. ainda no auge das discussões, "se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de talento. Para um homem que fez apenas o curso primário, sua riqueza vocabular é surpreendente. Sua facilidade de imitar seria um dom excepcionalíssimo, porque ele não imita apenas Humberto de Campos, mas Antero de Quental, Alphonsus Guimarães, Artur Azevedo, Antonio Nobre, etc. Quem negar Chico Xavier como médium, estará fazendo seu elogio como pastichador.

Chico e a adoração
Essa colocação de Magalhães Jr. - durante décadas escritor da Academia Brasileira dé Letras -,feita em 1944, continua servindo perfeitamente para os tempos atuais: quem acredita na mediunidade e de alguma forma professa o espiritismo simplesmente aceita o fenômeno e dele faz a maior publicidade.
Aqueles outros que, ao contrário, seja por fé religiosa, política ou ideológica, não crêem em mais nada a não ser no materialismo olham para esses fatos com um sorriso superior e jamais se propõem a conhecer o que existe de real por trás de tudo isso.
Ou seja: os exércitos espírita e materialista permanecem em lados opostos, sem dar qualquer chance um ao outro. E o preconceito em relação aos artistas-espíritas (que se comunicam através de texto, pintura ou música) é o mesmo. Por outro lado, a adoração a esses artistas muitas vezes chega ao culto à personalidade.
Chico Xavier, no entanto, conseguiu atravessar esses anos todos sem muita interferência externa ao seu trabalho: colocou-se sempre à disposição da sua fé - o espiritismo - e dos mentores espirituais, sem jamais permitir que a notoriedade ou o sucesso dos livros ou da sua atuação chegasse a transformá-lo em um egomaníaco.
Essa é, provavelmente, uma das questões mais difíceis para o próprio Chico, que encontra - principalmente entre aqueles que mais o aplaudem e seguem - a tendência para transformar a sua pessoa em algo próximo a um santo, um iluminado, um profeta.
O médium, invariavelmente, colocou toda essa tentativa de personalização no seu devido lugar, evitando trazer para si os louros do trabalho mediúnico e, sempre que fosse impossível evitar uma aparição pública, comportando-se como um homem comum que, por algum motivo inexplicável, carrega o dom de se comunicar com o Invisível. Mesmo em 1981, quando surgiu uma campanha nacional para levar o seu nome até a candidatura ao Prêmio Nobel da Paz, muitos espíritas conhecidos publicamente - atores, diretores, produtores de televisão e teatro - apareceram mais do
que o próprio possível agraciado. Chico, no entanto, fiel ao seu trabalho e ao silêncio em relação às pompas, praticamente permaneceu ao largo da idéia, sem se envolver pessoalmente. A propósito, a introdução do seu primeiro livro ele escreveu : " ...não venho ao campo da publicidade para fazer um nome, porque a dor há muito já me convenceu da inutilidade das bagatelas que ainda são estimadas neste mundo".

Emmanuel entra em cena
Chico Xavier, na verdade, não se vê como um homem paranormal, estranho e acima do comum dos mortais: apenas, é dotado de uma faculdade que qualquer homem teria, a mediunidade - com a visível diferença de que se dedicou ou não teve como fugir disso.
Esse dom, no entanto, sempre fel questão de lembrar, não faz dele um homem superior aos demais. Pelo contrário: é um homem comum, com todas as imperfeições do ser humano, mas à busca de um pouco mais de conhecimento, de paz e maturidade. Para isso, Chico sempre afirmou que o caminho passava pela humildade, o silêncio e a compreensão.
Grande parte dessa postura, afirma ele, se deve ao seu mentor, Emmanuel. O espírito-guia surgiu ao médium em 1931, quando Chico ainda iniciava seus trabalhos e não havia publicado nenhuma obra.
Escreve Chico no prefácio de Emmanuel, publicado em 1938: "Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando, sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros."
Certa vez, Emmanuel contou a Chico Xavier que, há dois mil anos, foi um senador romano e viveu no tempo da passagem de Cristo pelas regiões dominadas pelos romanos, tendo morrido em 79, em Pompéia, durante a erupção do Vesúvio. Curiosamente, sendo a tradição católica, foi este mesmo senador romano - Publius Lentulus, governador da Judéia no tempo de Cristo - quem deixou o único documento conhecido sobre a aparência fisica de Jesus, aceito pelo Vaticano.
Em 1940, Chico Xavier publica 50 Anos Depois, onde Emmanuel continua a narrar suas passagens pela vida fisica. Depois da morte em Pompéia, conta Emmanuel, volta como Nestório, um escravo romano morto no Circo Máximo.
Somente 15 séculos depois Emmanuel afirma ter voltado ao mundo, agora no corpo do padre Manuel da Nóbrega, nascido em Portugal, em 1517, e morto no Rio de Janeiro, em 1570. Nóbrega é uma das peças fundamentais na catequese dos índios no Brasil e sobre isso Emmanuel ditou a Chico Xavier : "Via a floresta a perder-se de vista e o patrimônio extenso entregue ao desperdício, exigindo o retomo à humanidade civilizada e, entendendo as dificuldades do silvícola relegado à própria sorte, nos azares e aventuras da terra dadivosa que parecia sem fim, aceitei a sotaina, de novo, e por padre Nóbrega conheci de perto as angustias dos simples e as aflições dos degredados".


O trabalho é o caminho
O trabalho simples e constante de Chíco Xavier, nestes últimos 60 anos, por mais duro que tenha sido para o cidadão Francisco Cândido Xavier, levou a mediunidade e o espiritismo em geral a serem aceitos e discutidos por uma camada bem maior da população brasileira. Hoje, a não ser entre materialistas míopes, é dificil descobrir alguém neste país que não tenha, em algum momento na Vida, buscado conhecer um pouco mais sobre o Invisível.
Chico, apesar disso, permanece humilde e se recusa até mesmo a responder àqueles que vêem nele um mistificador, resultado de anos e anos de leitura que o levaram a escrever os livros que assina, desde 1932: "Realmente são muitas as pessoas que me supõem na condição de uma criatura que devora livros e mais livros", disse ele em 1979, numa entrevista concedida a Fernando Worm. "Mas não me ofendem com isso. Ficaria até mesmo feliz se assim fosse. Acontece, porém, que comecei a trabalhar profissionalmente aos dez anos de idade e, desde 1931, sou portador de enfermidade irreversível num dos olhos. Em Vista disso, nunca pude ler excessivamente, conquanto seja um dever para cada pessoa cultivar-se quanto lhe seja possível."
Nessa mesma entrevista, Chico Xavier conta, na sua forma direta e simples, um pouco das suas reflexões sobre o papel mediúnico: "Indiscutivelmente, nos primeiros 10 a 15 anos do início das tarefas, estive na condição do animal em processo de domesticação para aceitar o serviço que se faz necessário".
Com o passar do tempo, entretanto, Chico reconheceu: "( ...) As realizações deles estão muito acima de qualquer cogitação de meu espírito estreito, cabendo-me obediência feliz às instruções que, por bondade deles, possa receber."
Durante todos esses anos, a fama e a notoriedade foram dois temas que sempre cercaram Chico Xavier, que assim se colocou diante desse problema : "Creio que a fama é uma grande oficina de fotografias. Uma criatura conquista renome e, com isso, passa a ser vista por numerosas pessoas que simpatizam ou não com ela. Começam aí as fotos da pessoa em causa. Cada amigo ou adversário apresenta a imagem que mentaliza e os retratos falados ou comentados vão aparecendo. ( ...) Refiro-me ao assunto com o respeito que me vincula à indagação, mas preciso esclarecer que,
quanto a mim, nunca precisei estar vigilante contra os inconvenientes da fama, de vez que nada fiz para conquistá-la e se trabalho sempre é porque preciso aprender a servir. "

A visão cientifica
E Chico Xavier começou a servir, inicialmente, psicografando livros de autores ou pessoas desaparecidas. Mais tarde, passou a atender àqueles que o procuravam em Uberaba (para onde se mudou em janeiro de 1959, à procura de um clima mais saudável e condizente com os vários problemas que sempre acompanharam o seu organismo debilitado), levando conforto e mensagens de carinho aos familiares daqueles que haviam morrido inesperadamente.
Nestas décadas de trabalho, o fenômeno Chico Xavier foi estudado tanto por pesquisadores espíritas quanto por homens como Hernani Guimarães Andrade, diretor do Instituto Brasileiro de pesquisas Psicobiofisicas (IBPP). Para Andrade, as obras psicografadas por Xavier podem ser divididas em populares, científicas e filosóficas. Assim, diz ele, o público pode encontrar , entre as centenas de trabalhos já publicados, aquele texto que tem condições de assimilar .
"Não é de admirar que muitas pessoas", lembra Andrade, "pouco informadas a respeito do espiritismo, da parapsicologia, da biologia ou da fisica, classifiquem esses livros na categoria de coletâneas de historietas ou dramalhões água-com-açúcar e de péssimo gosto literário. O uso excessivo de adjetivos qualificados e a forma literária muito rebuscada, do tipo 'romance antigo', ainda mais concorrem para conduzir o leitor ingênuo a semelhante julgamento errôneo acerca do valor dessas obras.
Andrade lembra que, em vários trabalhos de Chico Xavier, é possível encontrar "interessantes previsões científicas, algumas delas concementes a avançadas cogitações, somente acessíveis aos cientistas ultra-especializados. Não se trata de meras coincidências, do tipo de profecias de cartomantes, adivinhos ou astrólogos de almanaque e televisão. São realmente citações concisas e expressam-se com propriedade e precisão impecáveis".
Em 1943, surgiu uma outra entidade que, junto a Emmanuel, tem acompanhado a vida mediúnica de Chico Xavier , sendo responsável pela criação de 15 livros, sendo que 11 deles pertencem à série "Nosso Lar".
Essa entidade jamais revelou seu nome, sendo conhecido, desde então, simplesmente como André Luiz, sabendo-se apenas que é um conhecido médico e cientista brasileiro. Muitos seguidores de Chico afirmam que André Luiz seria, na verdade, o médico sanitarista Oswaldo Cruz, morto em 1917, aos 45 anos, pioneiro da medicina experimental no País e homem que lutou contra toda a ignorância do povo e autoridades, erradicando a peste bubônica e febre amarela no Rio de Janeiro e São Paulo.
Chico, no entanto, jamais confirmou qualquer coisa em relação à real identidade de André Luiz. A única coisa clara é que, a partir daí, ele começa a ter uma atuação pessoal na assistência social, criando centros de ajuda às vítimas do terrível mal chamado pênfigo ou fogo-selvagem e de amparo a velhos e crianças abandonadas ou a ex-presidiários.
Esse trabalho, em especial, é um dos que mais atraem o médium, que apóia pessoalmente a luta pelos donativos e construção dos centros hospitalares ou de refúgio. Segundo Elsie Dubugras, redatora da revista Planeta, são "inúmeros os hospitais psiquiátricos e casas de saúde dedicados ao tratamento de doentes mentais, orientados pelas diretrizes contidas nos livros de Chico Xavier".
Todos esses hospitais servem o pensamento de André Luiz-Chico Xavier, atuando numa área que, é claro, deveria ser coberta pelas secretarias ligadasaos governos. Chico, no entanto, não pede, não espera, não reclama nada da parte das chamadas autoridades : através de todos aqueles que ainda têm compaixão, "auxilia os carentes, os doentes, os desequilibrados e os sofredores", como lembra Dubugras.
Hoje aos 77 anos de idade, Chico Xavier é uma das poucas chamadas lendas vivas do espiritismo. Depois de décadas de atuação ininterrupta, ele próprio afirma que está cansado. Ainda assim, qualquer estudioso e interessado tem a seu dispor milhares e milhares de páginas de livros escritos - alguns deles em um dia - sobre temas os mais variados, que vão da psicologia à religião, da fisica à sexualidade. O menino pobre e semi-analfabeto de Pedro Leopoldo tornou-se um dos mais conhecidos e sérios médiuns do século. Não é pouco :algo de inesperado sempre ocorre quando alguém se propõe a ser a voz do Invisível.

O que há para se ler
* Nosso amigo Chico Xavier -Luciano Napoleão da Costa e Silva, Nova Mensagem Editorial Ltda. 1977.
* Ação e Reação - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de André Luiz, Federação Espírita Brasileira.
* Agenda Cristã -Francisco Cândido Xavier , pelo espírito de André Luiz, Federação Espírita Brasileira.
* E a vida continua - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de André Luiz, Federação Espírita Brasileira.
* Emmanuel - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de Ernrnanuel, Federação Espírita Brasileira.
* Planeta nQ 151- "O elo entre espiritismo e ciência" (pp. 18-20).
* O Assunto é nº 21, Espiritismo -"Chico Xavier, o mensageiro do Além" (pp. 24-28).
* Planeta Especial nQ 130-B -"Chico Xavier",

Texto extraído de publicação da Editora Três - "Grandes Médiuns - Chico Xavier" - Ano: 1987

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